Equipe do PNUD Brasil apresentou destaques e desafios dos projetos Fazendo Justiça, Formação Judicial Qualitativa e Justiça 4.0.
PNUD compartilha com República Dominicana boas práticas de cooperação com sistema de justiça
28 de Junho de 2024

Delegação da República Dominicana esteve no PNUD para conhecer projetos Fazendo Justiça, Formação Judicial Qualitativa e Justiça 4.0.
Com o objetivo de conhecer boas práticas desenvolvidas pelo PNUD no Brasil, especialmente em projetos voltados à tecnologia no judiciário, delegação da República Dominicana participou de reunião na Casa da ONU, em Brasília, na quinta-feira (27). Equipes técnicas dos projetos Fazendo Justiça, Formação Judicial Qualitativa e Justiça 4.0, coordenadas pelas gerentes de projetos Gehysa Garcia e Júlia Matravolgyi, apresentaram as principais iniciativas realizadas, resultados alcançados e impactos das ações desenvolvidas para aprimorar a forma como a justiça é desenvolvida no Brasil.
O representante-residente adjunto do PNUD no Brasil, Carlos Arboleda, e a representante-residente assistente e coordenadora da Unidade de Programa, Maristela Baioni, deram as boas-vindas à delegação. Para além das inovações que esses projetos podem trazer ao judiciário brasileiro, Arboleda destacou a importância dos princípios de direitos humanos contidos nessas iniciativas coordenadas pelo PNUD, em que o foco está nas pessoas, especialmente as mais vulneráveis.
O representante adjunto disse ainda que essas ações buscam colocar a agenda 2030 no centro do trabalho, o que depende do interesse do poder judiciário na temática. "São projetos grandes, temos muitas pessoas trabalhando, mas o mais importante é casar a Agenda 2030, os ODS, direitos humanos e o trabalho que desenvolvemos", afirmou.
A República Dominicana tem avançado em uma agenda focada na garantia de justiça às pessoas, e o intercâmbio com projetos relacionados ao tema no Brasil servem de aprendizado para futuras ações que possam ser implementadas. "A justiça brasileira tem tido grande êxito em tornar mais eficiente o processamento e a administração da Justiça. A República Dominicana está em busca de uma justiça que garanta a dignidade da pessoa de forma multifatorial, incluindo facilitar o acesso à justiça e atuar com transparência. Aqui, queremos ver as melhores práticas e as lições aprendidas", destacou o diretor geral de administração e carreira judicial, Jhonattan Toribio Frías. Segundo ele, a sociedade busca por resultados de curto prazo.
O primeiro projeto apresentado foi o Fazendo Justiça, executado desde 2019 em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) para impulsionar e aprimorar políticas públicas no campo da privação da liberdade. Desde o início do programa, foram lançadas mais de 40 normativas e orientações no âmbito do CNJ para o sistema judiciário brasileiro, além de mais de 235 produtos de conhecimento e informativos voltados à magistratura e profissionais do Sistema de Justiça.
O Fazendo Justiça trabalha 29 iniciativas simultâneas, que abarcam desde a porta de entrada até a porta de saída dos sistemas prisional e socioeducativo. O coordenador do eixo de Sistemas e Identificação do Fazendo Justiça, Alexander Cambraia, detalhou para a delegação as ações do programa voltadas à área de tecnologia e sistemas, como o aprimoramento do Sistema Eletrônico de Execução Unificado (SEEU), que conecta 1,4 milhão de processos de execução penal em 36 tribunais brasileiros com foco na celeridade processual e na individualização da pena. Com o SEEU, o tempo médio para tramitação de um processo caiu de 200 para 12 dias nos tribunais que operam o sistema. A nacionalização também facilita a interoperabilidade entre os tribunais e a qualificação de processos.
Foi apresentada ainda a Ação Nacional de Documentação e Identificação Civil para pessoas privadas de liberdade, a primeira experiência brasileira em termos de unificação da base de dados de pessoas presas, que capacita equipes em todo o Brasil para cadastrar, identificar e emitir documentos para essa população. A falta de documentação é considerada um dos principais entraves para a retomada da vida em liberdade e o acesso a programas de renda, saúde, trabalho e estudo.
Em seguida, o assessor técnico do projeto Formação Judicial Qualitativa, Gabriel Dauer, falou sobre os principais aspectos da parceria desenvolvida com a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam). Firmada em dezembro de 2021, a parceria conta com quatro eixos de atuação, que englobam atividades focadas em aprimorar a gestão da escola e trazer inovações no ensino da magistratura, beneficiando a sociedade como um todo. A ação conta com voluntários e profissionais do PNUD em diversas áreas focados em atividades que dão suporte e contribuem para aperfeiçoar o trabalho desempenhado por áreas estratégicas da escola, como gestão pedagógica, tecnologia da informação e comunicação.
"Atualmente o projeto tem se dedicado a aprimorar o sistema de informação e tecnologia da Escola com vistas a automatizar os processos e regras de negócios de acordo com as necessidades das áreas (da Enfam)", explicou Dauer. Gabriel ressaltou a importância de ações de internacionalização realizadas no escopo do projeto para compartilhar boas práticas com instituições nacionais e internacionais voltadas ao aperfeiçoamento de juízas e juízes, além da atuação em sintonia com a equipe da Escola com foco em aprimorar a prestação jurisdicional no Brasil.
Em seguida, houve a apresentação do programa Justiça 4.0, que também busca o desenvolvimento e a implementação de modelos de Inteligência Artificial, principalmente para criar bases de dados de precedentes e jurisprudências. “Soluções de IA são esforços de médio a longo prazo, mas acreditamos que continuar a expandir essas iniciativas pode trazer grandes benefícios ao Poder Judiciário”, disse a Gerente de Projetos IA, Cristiany Souza.
O gerente de times transversais de Tecnologia de Informação do programa, Pedro Gontijo, contou que, atualmente, os projetos são monitorados por meio de 58 painéis construídos pela própria equipe, como alternativa a ferramentas de mercado, como o Microsoft Project. “Com isso, podemos adaptar as ferramentas às nossas necessidades e interesses específicos, desde a gestão diária de projetos até os elementos visuais disponíveis no painel de Business Intelligence”, disse Pedro.
O programa Justiça 4.0 é fruto de parceria entre o CNJ e o PNUD. A iniciativa conta com apoio do Conselho da Justiça Federal (CJF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior do Trabalho (TST), do Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ao final, houve uma breve apresentação do novo projeto de cooperação com o CNJ, focado em fortalecer capacidades do Poder Judiciário para a promoção de direitos humanos, socioambientais e do acesso à Justiça por populações estruturalmente vulnerabilizadas.
Além de Jhonattan Toribio Frías, a delegação da República Dominicana teve participação da juíza da primeira turma do juizado de paz especial de trânsito do distrito nacional, Katerine Arletty Rubio Matos; do juiz presidente da Corte de Crianças e Adolescentes do Departamento Judicial de La Vega; e da juíza presidente do primeiro Tribunal Colegiado do Juizado de Primeira Instância da província de Santo Domingo, Elizabeth Rodriguez.