Desenvolvimento humano no Brasil é tema de debate no 50º Encontro Nacional de Economia

PNUD copatrocina e apresenta dados no evento anual da Anpec

8 de December de 2022
Crédito: ANPEC

 

O desenvolvimento humano no Brasil é um dos temas em destaque no 50º Encontro Nacional de Economia, promovido pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (ANPEC). A proposta do evento, cuja edição deste ano teve início na última terça-feira e termina nesta sexta (9/12), é  estimular o intercâmbio entre economistas e profissionais de áreas afins. Durante o encontro anual, são apresentados trabalhos inéditos, que exploram as fronteiras do conhecimento científico na teoria econômica, na economia política e na econometria. Há também a preocupação com a discussão da realidade nacional, objeto de painéis e sessões temáticas, além de temas de interesse regional. O PNUD, além de copatrocinar o encontro, participou da sessão especial “Desenvolvimento Humano no Brasil 2012 – 2021: em busca de convergências”. O 50º Encontro Nacional de Economia deste ano tem lugar em Fortaleza (CE).

“A principal premissa da abordagem do desenvolvimento humano está na expansão das liberdades e oportunidades das pessoas. Para o PNUD, esse compromisso é ao mesmo tempo o objeto central e determinante para o sucesso da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, iniciou a coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD no Brasil, Betina Barbosa. “Nas aspirações da agenda de desenvolvimento humano, as desigualdades têm um importante papel. Se as desigualdades, sejam essas verticais ou horizontais, persistirem ou mesmo crescerem, os anseios da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável serão aniquilados”, prosseguiu.

Segundo Betina Barbosa, “diferentes cursos podem levar as nações ao desenvolvimento - não há caminhos pré-ordenados. Os países fazem suas escolhas considerando as referências socioculturais e os valores singulares, mesmo ponderando um mundo movido por um grande fluxo de trocas materiais e imateriais e diante de um contexto global com frágeis fronteiras. Os padrões de desigualdades foram escancarados de forma sem precedente quando da crise sistêmica da pandemia da covid-19, marcando os países com níveis desiguais e parciais de capacidades de enfrentamento e de recuperação à crise.

Dados do PNUD indicam que houve ganhos substanciais em saúde, educação e padrões de vida – dimensões que medem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), mas as necessidades básicas de muitas pessoas, em muitos países, permanecem não atendidas. Paralelamente, uma próxima geração de desigualdades se abre. Enquanto as desigualdades nas capacidades básicas (relacionadas às privações mais extremas) estão diminuindo e, em alguns casos, de maneira acentuada (como as desigualdades globais na expectativa de vida ao nascer), ampliam-se as desigualdades referentes às capacidades avançadas, que se refletem nos aspectos da vida, os quais provavelmente se tornarão mais importantes no futuro, como alfabetização digital e o alcance às novas tecnologias, profunda digitalização dos mercados de trabalho, acesso ao ensino superior e a atenção à saúde de alta complexidade, entre outros.

Entre 2020 e 2021, segundo relatório do PNUD, o planeta atravessou a maior crise sistêmica já mesurada. A pandemia de covid-19 não apenas provocou um recuo no IDH em escala global ,por dois anos consecutivos, como também cravou a queda da performance do índice em 90% dos países (192 precisamente) para os quais a medida existe. Para mensura o impacto, o Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD passou a acompanhar, por meio de painéis de indicadores, a mais grave crise sistêmica dos últimos tempos. A covid-19, além de ceifar milhões de vidas humanas, derrubou o nível geral do bem-estar das pessoas, limitando suas oportunidades e atingindo o coração do IDH. No Brasil, o retrocesso chega os patamares alcançados pelo índice em 2014 – um recuo de 7 anos.

“Países e regiões com maiores desafios estruturais de desenvolvimento, sofreram mais impactos. No caso do Brasil, como em quase todos os países, entre as três dimensões do IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), a que apresentou um recuo mais significativo foi a dimensão longevidade. A expectativa de vida ao nascer de homens e mulheres em 2021 recuou por 2 anos consecutivos, colocando o país em patamares registrados em 2009. Os impactos e a sobreposição da crise interna e global no país ainda estão se desdobrando. Mas entende-se que foram anos de conquistas perdidas no mundo e, particularmente, no Brasil, ameaçando fortemente o avanço da Agenda 2030 e as metas dos ODS”, concluiu Betina Barbosa.