“Sob pressão”: Novo relatório do PNUD revela a vulnerabilidade do desenvolvimento na América Latina e no Caribe e coloca a resiliência no centro do debate
17 de Setembro de 2025
Quito, Equador — Os avanços históricos da América Latina e do Caribe em matéria de desenvolvimento humano enfrentam hoje pressões sem precedentes. Uma combinação de crises sobrepostas, transformações aceleradas e vulnerabilidades estruturais ameaça reverter conquistas que levaram décadas para se consolidar. Foi o que informou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na última terça-feira (16), durante a apresentação, em Quito, Equador, de seu Relatório Regional sobre Desenvolvimento Humano 2025, intitulado “Sob pressão: Recalibrando o futuro do desenvolvimento na América Latina e no Caribe”.
Embora a região tenha alcançado importantes progressos nas últimas décadas, esses avanços foram desiguais, desaceleraram nos últimos anos e são altamente vulneráveis a retrocessos. O relatório aponta que, desde meados da década de 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) regional perdeu dinamismo, e mais da metade da população segue sem mecanismos adequados para enfrentar eventos adversos sem sofrer impactos duradouros em seu bem-estar. Em contraste, o Equador apresenta trajetória distinta: nos cinco anos anteriores à pandemia, o IDH crescia a uma taxa média de 0,13% ao ano, enquanto atualmente o faz a 0,42% ao ano, em parte graças à forte recuperação após a contração provocada pela pandemia.
“O desenvolvimento na América Latina e no Caribe encontra-se sob pressão sem precedentes. Crescente incerteza, crises sobrepostas e transformações aceleradas se entrelaçam e se retroalimentam com vulnerabilidades estruturais e desafios persistentes de desigualdade e governança, colocando em risco avanços que levaram décadas para se consolidar”, afirmou Michelle Muschett, diretora regional do PNUD para a América Latina e o Caribe. “Ainda estamos em tempo de transformar essa pressão e redefinir a trajetória do desenvolvimento na região. O relatório que apresentamos hoje oferece um roteiro e ferramentas concretas para avançar rumo a um desenvolvimento humano sustentável mais resiliente, com mais coesão social e capacidade de agência. Este relatório regional é a expressão do compromisso do PNUD com a América Latina e o Caribe e parte fundamental de uma oferta técnica renovada à disposição dos países da região.”
Elaborado a partir de amplas consultas regionais e de análises rigorosas, o relatório propõe uma nova forma de compreender e impulsionar o desenvolvimento: o conceito de desenvolvimento humano resiliente proposto no documento busca expandir as liberdades das pessoas e permitir que prosperem, inclusive diante de adversidades e choques sobrepostos, em um contexto também marcado pela incerteza.
Para prevenir e responder às ameaças, e se recuperar de acontecimentos adversos, o relatório identifica três mecanismos de política pública: instrumentos que permitam navegar a incerteza; instituições que se adaptem à complexidade; e infraestrutura que potencialize o poder transformador das comunidades locais.
Durante o lançamento, que também contou com a participação de María José Pinto, Vice-Presidenta da República do Equador, destacou-se a urgência de recalibrar o modelo de desenvolvimento na região, com políticas que respondam à complexidade atual e impulsionem a resiliência, a equidade e a sustentabilidade no longo prazo.
María José Pinto: “O PNUD nos lembra que resiliência não é apenas resistir, mas transformar a pressão em oportunidade. Compartilhamos plenamente esse objetivo: impulsionar programas de resiliência social e educacional, sempre colocando as pessoas no centro.”
Apesar das dificuldades, o relatório também destaca progressos relevantes. No caso do Equador, conforme dados nacionais, seu IDH alcançou 0,777 em 2023, colocando o país no 88º lugar entre 193 países e dentro do grupo de alto desenvolvimento humano. Desde 1990, o país melhorou em esperança de vida, escolaridade e nível de renda, com um crescimento de 20,3% em seu IDH. No entanto, aproximadamente um em cada quatro equatorianos ainda vive abaixo da linha de pobreza, o que reflete desafios persistentes para reduzir desigualdades estruturais.
O relatório conclui com um convite a todos os atores — governos, sociedade civil, setor privado e cidadania — a reimaginar o desenvolvimento a partir de uma perspectiva de resiliência.
A versão digital do relatório oferece ainda recursos interativos com dados desagregados por país, gráficos animados e insumos práticos para o desenho de políticas públicas, bem como um chatbot que introduz ferramentas de IA para consultas pontuais sobre o conteúdo do relatório.
Para mais informações e consultas de imprensa, favor contatar:
Sharon Grobeisen, Assessora de Comunicação Estratégica – sharon.grobeisen@undp.org
Vanessa Hidalgo, Assessora Regional de Comunicações – vanessa.hidalgo@undp.org
Melina Loayza, Analista de Comunicações (Equador) – melina.loayza@undp.org