Parceria entre MMA e PNUD fortalece brigadas indígenas, valoriza conhecimentos tradicionais e amplia o protagonismo feminino na defesa da Terra Indígena Caru (MA).
Guerreiras da Floresta fortalecem proteção territorial no Maranhão e Tocantins
26 de Setembro de 2025
O apoio do Floresta+ se dá por meio do projeto “Prevenção e combate ao fogo: produção e troca de conhecimentos entre brigadas indígenas".
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio da Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tracionais, e o PNUD, no âmbito da Projeto Floresta+ Amazônia, ampliam a capacidade de proteger a Terra Indígena Caru e territórios vizinhos no Maranhão com apoio ao coletivo Guerreiras da Floresta. A iniciativa resulta de parceria com a Associação Wirazu e o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
O apoio do Floresta+ se dá por meio do projeto “Prevenção e combate ao fogo: produção e troca de conhecimentos entre brigadas indígenas”, que visa fortalecer a atuação de mulheres e jovens nas brigadas de prevenção e combate a incêndios; une saberes tradicionais e tecnologias como drones e GPS; e contribui para a recuperação de áreas degradadas. A execução do projeto nos territórios ocorre de forma integrada com a associação indígena e o ISPN.
O projeto beneficia diretamente os povos Guajajara e Awá, alcançando comunidades como Maçaranduba, Nova Samyã, Tiracambu, Awá e Areia Branca, além de inspirar ações em outras Terras Indígenas — Pindaré, Krikati, Governador, Arariboia, Porquinhos, Geralda Toco Preto, Canabrava, Escalvado, Apinajé, Krahô e Xerente.
Origem – O coletivo nasceu em 2014, quando mulheres Guajajara decidiram atuar lado a lado com os Guardiões da Floresta para proteger os 172,6 mil hectares da TI Caru, área constantemente ameaçada por desmatamento e atividades ilegais.
O trabalho começou com o Conselho de Mulheres, mediando diálogos com comunidades vizinhas, e evoluiu para o coletivo Guerreiras da Floresta, que hoje alia vigilância, monitoramento e ações socioeducativas.
Além de monitorar a floresta e denunciar crimes ambientais, as Guerreiras realizam visitas a comunidades do entorno para sensibilizar sobre a importância da conservação ambiental e apresentar as culturas indígenas, fortalecendo o entendimento sobre o papel vital desses territórios para o equilíbrio climático.
“Para a gente, esse papel de ser mulher, ser jovem, e estar fazendo a preservação e conservação dos nossos territórios é de suma importância. A gente é um coletivo de 42 mulheres que está sempre na luta com as outras organizações aqui dentro do nosso território, que são os Guardiões da Floresta, a Brigada da Terra Indígena Caru e a Juventude. E esse projeto, Guerreiras da Floresta, deixa a gente muito feliz de fazer parte, porque ele é muito importante para nos ajudar a contribuir ainda mais com a preservação dos nossos territórios. Através de nossas palestras e da sensibilização, a gente consegue conscientizar a população não indígena, do quanto é importante preservar os territórios, não só para a gente, enquanto povos indígenas, mas para toda a humanidade”, explica Poliana Moreira Guajajara, da aldeia Maçaramduba, Terra indígena Caru, no interior Maranhão, e integrante do coletivo de mulheres indígenas Guerreiras da Floresta.
Reconhecimento – O impacto do trabalho, potencializado pelo apoio do Floresta+ Amazônia, já ganhou visibilidade global. As Guerreiras foram destaque em um dos principais telões de Londres com a série “Guardians” , produzida pelo Príncipe William e pela The Royal Foundation.
No episódio, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, reforçou o papel dos povos originários na conservação. “A humanidade precisa entender o papel dos povos indígenas e de seus territórios na proteção da biodiversidade e no equilíbrio climático”, ressaltou. O próprio Príncipe William destacou a relevância dessa atuação. “Proteger nosso mundo natural tornou-se um dos trabalhos mais perigosos do planeta. São os heróis desconhecidos — os verdadeiros Guardiões do mundo natural, defendendo a natureza e o futuro do planeta para todos nós”, enfatizou o príncipe.
A luta das Guerreiras é também pela valorização e ocupação de espaços de decisão por mulheres indígenas. Elas estão presentes nas aldeias, nas comunidades e em instâncias regionais e estaduais, como na Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão (Coapima), que tem como integrante Marcilene Liana Guajajara, e a Secretaria Estadual dos Povos Indígenas, ocupada como titular da pasta Rosilene Guajajara de Sousa.
“O fortalecimento das mulheres indígenas é fundamental para a proteção da Amazônia e para a valorização da sociobiodiversidade. Apoiar iniciativas como a das Guerreiras da Floresta significa unir saberes tradicionais e tecnologias, ampliando a capacidade de resposta às mudanças climáticas e garantindo que comunidades indígenas tenham mais voz e protagonismo na gestão de seus territórios”, ressaltou a analista do Floresta+, Taiana Ramidoff.
As pautas do movimento dessas mulheres são diversas. Incluem temas como educação, saúde, cultura, segurança alimentar, combate à violência contra as mulheres e direitos da juventude e das crianças. Ao capacitar jovens e envolver crianças indígenas e não indígenas nas ações, constroem um legado de aliados para a conservação da floresta e o fortalecimento dos seus territórios.