Progresso do Desenvolvimento Humano desacelera para nível mais baixo em 35 anos, segundo novo relatório do PNUD

Sessenta por cento das pessoas têm esperança de que a Inteligência Artificial criará oportunidades de emprego.

6 de Maio de 2025
UNDP

Bruxelas, 6 de maio de 2025 — O progresso do desenvolvimento humano está passando por desaceleração sem precedentes, segundo relatório divulgado hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O documento mostra como a Inteligência Artificial (IA) pode reativar o desenvolvimento.

Em vez de uma recuperação sustentada após o período de crises excepcionais de 2020-2021, o relatório revela um progresso surpreendentemente fraco. Excluindo os anos de crise, o crescimento global do desenvolvimento humano projetado neste ano é o menor desde 1990.

O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2025 — “Uma Questão de Escolha: Pessoas e Possibilidades na era da Inteligência Artificial” — analisa o progresso em uma variedade de indicadores conhecidos como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que engloba conquistas em saúde, educação e nível de renda. As projeções para 2024 revelam um progresso estagnado no IDH em todas as regiões do mundo.

Além da alarmante desaceleração global, o relatório aponta para o aumento das desigualdades entre países ricos e pobres. À medida que os caminhos tradicionais para o desenvolvimento são pressionados por forças globais, ações decisivas são necessárias para evitar uma estagnação prolongada.

“Durante décadas, estivemos no caminho para alcançar um mundo de desenvolvimento humano muito elevado até 2030, mas essa desaceleração representa uma ameaça real ao progresso global,” afirma Achim Steiner, chefe global do PNUD. “Se o fraco avanço de 2024 se tornar o ‘novo normal’, esse marco de 2030 pode ser adiado por décadas — tornando nosso mundo menos seguro, mais dividido e mais vulnerável a choques econômicos e ecológicos.”

Pelo quarto ano consecutivo, a desigualdade entre países com IDH Baixo e Muito Alto continua a crescer, revertendo uma tendência de longo prazo de redução dessas disparidades.

Os desafios para os países com os mais baixos índices de desenvolvimento são particularmente severos — impulsionados por tensões comerciais crescentes, agravamento da crise da dívida e o avanço da industrialização sem geração de empregos.

“Diante desse cenário global turbulento, precisamos urgentemente explorar novas formas de impulsionar o desenvolvimento,” declara Steiner. “À medida que a Inteligência Artificial avança rapidamente em muitos aspectos de nossas vidas, devemos considerar seu potencial para o desenvolvimento. Novas capacidades surgem quase diariamente e, embora a IA não seja uma solução mágica, as escolhas que fizermos poderão reacender o desenvolvimento humano e abrir novos caminhos e possibilidades.”

O relatório apresenta os resultados de uma nova pesquisa que mostra que as pessoas são realistas, mas também esperançosas quanto às mudanças que a IA pode trazer.

Metade dos entrevistados no mundo acredita que seus empregos podem ser automatizados. Uma parcela ainda maior — seis em cada dez — espera que a IA impacte positivamente sua ocupação, criando oportunidades em empregos que ainda não existem.

Apenas 13% dos entrevistados temem que a IA leve à perda de empregos. Por outro lado, nos países de IDH baixo e médio, 70% esperam que a IA aumente sua produtividade, e dois terços antecipam o uso da IA em educação, saúde ou trabalho já no próximo ano.

O relatório defende uma abordagem centrada no ser humano para o uso da IA — com potencial para redesenhar profundamente as abordagens de desenvolvimento. Os resultados da pesquisa indicam que as pessoas, em todo o mundo, estão prontas para esse tipo de “reinício”.

O relatório destaca três áreas críticas de ação:

  • Construir uma economia onde as pessoas colaborem com a IA, em vez de competirem contra ela.
  • Incorporar a agência humana em todo o ciclo de vida da IA, do projeto à implementação.
  • Modernizar os sistemas de educação e saúde para atender às demandas do século XXI.

A democratização da IA já está em andamento. Cerca de um em cada cinco entrevistados na pesquisa relatou já utilizar Inteligência Artificial. E dois terços dos respondentes em países com baixo desenvolvimento humano esperam usar IA em educação, saúde ou trabalho ainda no próximo ano. Isso torna o fechamento das lacunas de acesso à eletricidade e à internet mais urgente do que nunca, para que ninguém fique excluído das novas possibilidades emergentes. No entanto, o acesso por si só não é suficiente: a verdadeira desigualdade dependerá de quão efetivamente a IA complementa e potencializa o que as pessoas já fazem.

“As escolhas que fizermos nos próximos anos definirão o legado dessa transição tecnológica para o desenvolvimento humano,” afirma Pedro Conceição, diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD. “Com as políticas certas e foco nas pessoas, a IA pode ser uma ponte crucial para novos conhecimentos, habilidades e ideias que podem empoderar desde agricultores até pequenos empreendedores.”

O Relatório de Desenvolvimento Humano de 2025 está disponível aqui

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Sobre o PNUD: O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é a principal organização da ONU dedicada a combater as injustiças da pobreza, da desigualdade e da mudança global do clima. Atuando com ampla rede de especialistas e parceiros em 170 países, o PNUD ajuda as nações a construirem soluções integradas e duradouras para as pessoas e para o planeta. Saiba mais em undp.org ou siga @UNDP.