Planejem as cidades para que funcionem melhor para as mulheres, diz relatório de ARUP e PNUD

Informe contempla desde iluminação pública até envolvimento das mulheres no planejamento urbano

25 de October de 2022
Foto: Rafael Martins

Nova York, 24/10 – É necessária ação urgente para remover o viés de gênero das cidades e melhorar a segurança, a saúde, o acesso à educação e ao emprego para as mulheres, segundo relatório lançado nesta segunda-feira 24 por ARUP*, PNUD e Universidade de Liverpool.

Aproximadamente 4.5 bilhões de pessoas – ou 55% da população mundial – vivem em áreas urbanas, e 50% da população mundial é composta de mulheres e meninas. O relatório “Cidades Vivas: Planejando Cidades que Funcionem para as Mulheres” mostra que, apesar de as mulheres constituírem 50% da população urbana global, as cidades não foram planejadas com elas em mente.

É preciso que gestores, planejadores urbanos, urbanistas trabalhem por cidades mais inclusivas, seguras e justas para as mulheres. O relatório baseia-se nas vozes e experiências de mulheres em todo o mundo, assim como em uma revisão completa de ddos e pesquisas, para identificar questões e recomendações com base em quatro temas críticos: segurança e proteção; justiça e equidade; saúde e bem-estar; e enriquecimento e realização pessoais.

As descobertas, apoiadas por estatísticas e pesquisas globais, mostram que uma voz limitada nas decisões de planejamento urbano para as mulheres pode exacerbar e perpetuar as desigualdades nas cidades. As principais questões incluem o assédio sexual em espaços públicos (refletido, por exemplo, nas experiências de 97% das mulheres de 18 a 24 anos no Reino Unido) e a falta de acesso a instalações adequadas (um terço das mulheres em todo o mundo não têm acesso a banheiros apropriados). O preconceito de gênero embutido nas cidades também se reflete na homenagem aos heróis do passado e do presente por meio de monumentos públicos, com apenas 2-3% das estátuas representando mulheres em todo o mundo. Ademais, as mulheres não estão bem representadas nas principais decisões que afetam o futuro do meio ambiente, com a méida de apenas um em cada sete ministérios do setor ambiental em todo o mundo sendo liderado por mulheres.

O novo relatório argumenta que não basta remover, com urgênica, as barreiras para que as mulheres assumam posições de planejamento, construção e liderança de cidades. É preciso fazer mais para conscientizar quem tem influência sobre planejametno urbano hoje, de forma a mostrar a essas pessoas a importância de considerar aspectos de gênero e incorporá-los em seus projetos.

Focadas em soluções, as recomendações do relatório fornecem aos tomadores de decisão e urbanistas as ferramentas necessárias para ir além da mera consulta e envolver ativamente as mulheres em todas as etapas de projeto e planejamento urbano – da concepção à entrega. O informe mostra também que acelerar a participação das mulheres na governança urbana em todos os níveis é um pré-requisito para o melhor funcionamento das cidades, pois aquelas que funcionam melhor para as mulheres são mais resilientes e inclusivas para todas as pessoas.

“Alcançar a equidade de gênero faz parte de cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Quando as cidades são projetadas sem considerar as diversas necessidades e percepções das mulheres de todas as idades e identidades, isso pode ter um impacto adverso não apenas em suas vidas, mas em suas famílias. Restringe suas oportunidades e impacta negativamente o desenvolvimento sustentável geral da sociedade. Cidades com igualdade de gênero podem gerar enormes benefícios econômicos, ambientais, políticos e sociais”, afirma o administrador do PNUD, Achim Steiner.

“O preconceito de gênero embutido no planejamento das cidades tem tido efeito negativo na vida das mulheres em todo o mundo. Estamos pedindo aos urbanistas e planejadores que adotem as recomendações deste relatório para atender agora às necessidades das mulheres nas cidades, enquanto trabalhamos para atrair mais mulheres para cargos de liderança”, declara a diretora euorpeia de Cidades, Planejamento e Design da Arup, Léan Doody.

As recomendações examinam todas as necessidades e aspirações das mulheres, inclusive a segurança, e apontam que questões como discriminação baseada em gênero, falta de acesso a educação de qualidade e oportunidades de emprego ou a moradia e infraestrutura básica, afetam negativamente as mulheres. O documento demonstra também que o preconceito de gênero embutido nas cidades afeta a capacidade de enfrentar a mudança global do clima, com as mulheres enfrentando uma exposição desproporcional aos riscos climáticos.

O relatório apresenta recomendações factíveis ​​para os principais tomadores de decisão e profissionais urbanos sobre como projetar e planejar áreas urbanas mais inclusivas, seguras e equitativas para as mulheres, o que gera benefícios para todas e todos. Também são fornecidos exemplos de projetos e iniciativas em todo o mundo, que tiveram êxito ao abraçar a participação das mulheres. Entre os exemplos, estão iniciativas em Atenas (Grécia), Cochabamba (Bolívia), Bogotá (Colômbia), Nairóbi (Quênia), Dacar (Senegal), Da Nang (Vietnã) e São Francisco (EUA).

Para garantir que as cidades funcionem melhor para as mulheres, o relatório enfatiza que as autoridades devem trabalhar em conjunto – incluindo organizações dos setores público e privado, juntamente com grupos da sociedade civil – e projetar e planejar cidades mais inclusivas, seguras e equitativas para mulheres e meninas.

Confira o relatório completo aqui

*ARUP: coletivo de 16.000 projetistas, consultores e especialistas que trabalham em 140 países, dedicados ao desenvolvimento sustentável.