As necessidades de adaptação no mundo em desenvolvimento devem disparar para até US$340 bilhões a ano até 2030. No entanto, o apoio à adaptação atualmente é de menos de um décimo desse montante.
Novas parcerias para acelerar investimento em adaptação climática
29 de September de 2023
Duas novas parcerias para ampliar a ação de adaptação nos países em desenvolvimento foram lançadas na Cúpula de Ambição Climática sob o Adaptation Pipeline Accelerator do Secretário-geral da ONU. Essa iniciativa tem como objetivo lançar um novo modelo colaborativo para acelerar o investimento em adaptação nos países em desenvolvimento. A Austrália e a Espanha farão parceria com os pequenos estados insulares em desenvolvimento de Tuvalu e da República Dominicana, respectivamente, para aumentar os fluxos financeiros e transformar suas prioridades de adaptação em oportunidades de investimento e, em última instância, em ação no local.
Essas parcerias reunirão governos, financiadores públicos e privados e outras partes interessadas para apoiar os países em desenvolvimento vulneráveis a transformarem os planos em um pipeline de projetos atraentes para investimentos públicos e privados.
As parcerias surgem em um momento decisivo na luta contra a crise climática, quando as necessidades de adaptação dos países em desenvolvimento continuam a aumentar, uma vez que os impactos da mudança do clima estão crescendo em frequência e intensidade.
De acordo com o IPCC, globalmente, três bilhões de pessoas já são altamente vulneráveis à mudança do clima. Entre 2010 e 2020, a mortalidade humana por enchentes, secas e tempestades foi 15 vezes maior em regiões altamente vulneráveis. Os pequenos estados insulares em desenvolvimento se tornarão ainda mais vulneráveis. Por exemplo, com a taxa atual de aumento do nível do mar, metade da capital de Tuvalu poderá ser inundada pelas águas das marés até 2050 e quase toda a terra será inundada por marés altas periódicas até o fim deste século.
Os países vulneráveis já estão demonstrando liderança por meio de um planejamento abrangente de adaptação e adotando ações sem precedentes no local.
“Enquanto trabalhamos para reverter os impactos catastróficos das emissões, precisamos continuar a nos adaptar. O Plano de Adaptação de Longo Prazo de Tuvalu é a solução para salvar toda a nossa população do pior cenário de aumento do nível do mar a partir de 2100. Ele inclui um grande empreendimento para construir uma linha costeira resiliente que estamos realizando com o governo australiano sob a iniciativa Adaptation Pipeline Accelerator do Secretário-geral da ONU. Um ótimo exemplo de inovação e da força das parcerias colaborativas no sistema multilateral”, declarou o ministro das Finanças de Tuvalu, Seve Paeniu.
Na República Dominicana, “reduzir a vulnerabilidade e aumentar a resiliência dos mais vulneráveis é uma prioridade imperativa. A República Dominicana implementou um Plano Nacional de Adaptação com um plano de ação. O necessário agora é uma resposta coordenada e colaborativa entre governos, parceiros de desenvolvimento e financiadores públicos e privados para nos ajudar a concretizar nossos planos e ambições. A Espanha tem sido, e continua sendo, um parceiro próximo nesses esforços”, afirmou o ministro do Meio Ambiente e Recursos Naturais da República Dominicana, Miguel Ceara Hatton.
Os esforços globais de planejamento, financiamento e implementação da adaptação não estão acompanhando a escala e a velocidade crescentes dos impactos climáticos. As necessidades de adaptação no mundo em desenvolvimento devem disparar para até US$340 bilhões por ano até 2030. No entanto, o apoio à adaptação atualmente é de menos de um décimo desse montante.
Para aumentar o ritmo e a escala, o Secretário-Geral pediu um aumento global no investimento em adaptação para apoiar os países em desenvolvimento. A Austrália e a Espanha responderam a esse apelo.
“A Austrália tem o privilégio de fazer parceria com Tuvalu para avançar em seu Plano de Adaptação de Longo Prazo, para ajudar a proteger as vidas, os meios de subsistência e a cultura dos tuvaluanos. A Austrália está tomando medidas para fazer parte da solução global, oferecendo ações climáticas reais em casa e trabalhando com os países da nossa região para criar resiliência”, afirmou a ministra de Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong.
“Nossa parceria com a República Dominicana se baseia no forte compromisso e no interesse comum de ambos os países em promover a adaptação transformadora no centro das políticas públicas. O Adaptation Pipeline Accelerator melhorará a coordenação dos requisitos financeiros que serão fundamentais para tornar realidade o aumento da resiliência da ilha”, disse a ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico da Espanha, Teresa Ribera Rodríguez.
As novas parcerias entre Tuvalu e a Austrália, e entre a República Dominicana e a Espanha, exemplificam os "pioneiros e executores" que o Secretário-Geral solicitou para a realização da justiça climática, de acordo com sua Agenda de Aceleração.
Contexto da iniciativa
O Adaptation Pipeline Accelerator (APA) busca aumentar os fluxos de financiamento para adaptação em ritmo e escala por meio de um novo modelo de colaboração que reúne governos, financiadores públicos e privados e outras partes interessadas em torno das prioridades de adaptação dos países em desenvolvimento.
No âmbito do APA, os países em desenvolvimento recebem apoio para identificar suas prioridades de adaptação, transformando-as em um plano de investimento para toda a economia e transformando esse plano de investimento em um pipeline de projetos que possam ser investidos e que sejam atraentes para que o financiamento público e privado invista em ritmo e escala.
A execução do APA conta com o apoio de um grupo de parceiros principais, composto pelo PNUD, pela Parceria NDC e pelo Fundo Verde para o Clima (GCF), que fornecem suporte técnico e de coordenação aos países.