Mais de 60% dos empréstimos concedidos por instituições nacionais de fomento entre 2020 e 2023 foram direcionados a iniciativas alinhadas aos ODS.
Levantamento da ABDE e PNUD mostra que financiamento ao desenvolvimento sustentável avança no Brasil
4 de Agosto de 2025
O déficit global de investimentos para alcançar as metas da ONU cresceu de US$ 2,5 trilhões em 2015 para US$ 4 trilhões
Um levantamento da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), formada por 34 instituições brasileiras de fomento, e o PNUD, revelou que 63,8% dos empréstimos concedidos por instituições nacionais de fomento entre 2020 e 2023 foram direcionados a iniciativas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Segundo o levantamento, ao longo dos quatro anos, o Sistema Nacional de Fomento (SNF) destinou R$ 2 trilhões em financiamentos, correspondendo a quase dois terços do total concedido no período, o que reflete o compromisso crescente do Brasil com a Agenda 2030 e a participação no esforço global para erradicar a pobreza, reduzir desigualdades e promover um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável.
Ainda assim, o levantamento também revela alguns desafios na alocação dos recursos. Dos R$ 2 trilhões investidos, a maior parcela foi destinada a quatro ODS: indústria, inovação e infraestrutura; crescimento econômico; cidades e comunidades sustentáveis; fome zero e agricultura sustentável. Juntas, essas áreas concentraram R$ 1,53 trilhão, representando mais de 75% do total direcionado aos ODS. Em contrapartida, cinco frentes receberam, individualmente, menos de 1% dos recursos: educação de qualidade; igualdade de gênero; vida na água; vida terrestre; paz, justiça e instituições eficazes.
Para Cristiano Prado, do PNUD, o volume de investimentos reflete um avanço importante, mas ainda oportunidades de avançar. "O volume é muito significativo e o alinhamento do Sistema nacional de fomento aos ODS é bem elevado. O desafio agora é ampliar o financiamento para ODS menos favorecidos, como o de igualdade de gênero", destaca.
Em um contexto mais amplo, o déficit global de investimentos para alcançar as metas da ONU cresceu de US$ 2,5 trilhões em 2015 para US$ 4 trilhões, impondo um desafio ainda maior para países em desenvolvimento, que lidam com limitações estruturais e financeiras. Apesar disso, no Brasil, os investimentos alinhados aos ODS seguiram em alta em 2024, com instituições nacionais de fomento batendo recordes de contratação. Instituições de fomento (federais e subnacionais) têm intensificado a captação de recursos internacionais por meio de parcerias com bancos no exterior. Esse movimento sinaliza um cenário promissor para a ampliação dos investimentos, com projeções de crescimento contínuo nos próximos anos.
A destinação de recursos para ações de mitigação e adaptação às mudanças do clima, além do incentivo ao trabalho digno e à inovação, reforça a necessidade de o setor financeiro adotar posicionamentos estratégicos e responsáveis na execução da Agenda 2030. Diante disso, o PNUD reafirma o compromisso com o desenvolvimento sustentável no Brasil, apoiando iniciativas que promovam inovação, inclusão e fortalecimento econômico e social.
Confira a íntegra do levantamento aqui