Cada dia de atraso na paz acelera a queda livre da Ucrânia rumo à pobreza, alerta PNUD

17 de March de 2022

Estação ferroviária em Kiev. Foto: Oleksandr Ratushnyak/UNDP Ukraine

Nova York – No caso de uma guerra contínua e prolongada na Ucrânia, 18 anos de conquistas socioeconômicas podem ser perdidos, com quase um terço da população vivendo abaixo da linha da pobreza e outros 62% em alto risco de cair na pobreza nos próximos doze meses, de acordo com projeção antecipada divulgada hoje pelo PNUD.

“A guerra na Ucrânia está causando um sofrimento humano inimaginável com a trágica perda de vidas e o deslocamento de milhões de pessoas. Embora a necessidade de assistência humanitária imediata aos ucranianos seja de extrema importância, os impactos agudos no desenvolvimento de uma guerra prolongada estão se tornando mais aparentes”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner. “Um declínio econômico alarmante e o sofrimento e as dificuldades que ele trará para uma população já traumatizada devem ter nosso foco agora. Ainda há tempo de interromper essa trajetória sombria.”

Com base na parceria de longa data com o governo da Ucrânia, o PNUD tem trabalhado em todos os 24 oblasts (distritos administrativos) da Ucrânia com mais de 332 municípios, 15 centros de organizações da sociedade civil e mais de 17 associações empresariais em todo o país.

Como parte da resposta coordenada da Equipe Nacional das Nações Unidas, o PNUD está agora aproveitando essa extensa rede para um imediato e amplo apoio ao povo da Ucrânia, concentrando-se na resposta à crise e mantendo as funções centrais do governo para gerenciamento de resposta a emergências e prestação de serviços públicos.

“Para evitar mais sofrimento, destruição e empobrecimento, precisamos de paz agora”, disse Steiner. “Como parte do compromisso inabalável das Nações Unidas com o povo ucraniano, o foco principal do PNUD é ajudar a preservar os ganhos de desenvolvimento duramente conquistados. Isso inclui apoiar o governo para sustentar estruturas e serviços críticos de governança, que constituem a base de todas as sociedades”.

De acordo com estimativas do governo, pelo menos 100 bilhões de dólares foram destruídos em termos de infraestrutura, edifícios, estradas, pontes, hospitais, escolas e outros ativos físicos. A guerra fez com que 50% das empresas ucranianas fechassem completamente, enquanto a outra metade foi forçada a operar bem abaixo da capacidade.

Entre os maiores organismos da ONU presentes na Ucrânia, o PNUD permaneceu operacional durante todo o conflito e agora está aumentando sua presença com ações específicas e especializadas em áreas-chave, como gerenciamento de detritos, avaliação de danos e meios de subsistência de emergência, incluindo assistência baseada em dinheiro, assim como oferecendo pontos de entrada e plataformas operacionais para parceiros humanitários e de desenvolvimento com o objetivo de canalizar e dimensionar o apoio ao governo e ao povo da Ucrânia.

Uma série de medidas políticas nas próximas semanas pode ajudar a mitigar o empobrecimento do país à medida que o conflito continua. Tendo em vista a escala das necessidades e prioridades, e da forte infraestrutura bancária e de serviços financeiros do país, o PNUD une-se ao Coordenador de Crise da ONU na promoção do uso de assistência monetária multifuncional que poderia ajudar a alcançar o maior número de pessoas necessitadas em todo o país. As estimativas iniciais do PNUD são de que uma operação emergencial de transferência de dinheiro em grande escala, ao custo de aproximadamente 250 milhões de dólares por mês, cobriria perdas parciais de renda para 2,6 milhões de pessoas que devem cair na pobreza.

Uma renda básica temporária (RBT) mais ambiciosa, que forneça 5,50 dólares por dia por pessoa custaria 430 milhões de dólares por mês, com base nas estimativas iniciais. Nos países vizinhos, e em apoio ao Plano Regional de Resposta aos Refugiados interagências, o PNUD está trabalhando com o ACNUR para garantir o foco na resiliência e no desenvolvimento para milhões de pessoas deslocadas que fugiram da violência. Esse apoio conjunto aos refugiados e comunidades anfitriãs se concentrará nos meios de subsistência, por meio da geração de renda e emprego.