Bié avança na luta contra a malária: “As nossas crianças não podem esperar”

20 de Outubro de 2025

Sensibilização e mobilização porta a porta conduzida por activistas comunitários.

PNUD Angola

Todos os anos, milhares de famílias continuam a enfrentar a ameaça da malária, uma doença que afecta com maior gravidade as crianças e as mulheres grávidas. Para reduzir este fardo e reforçar a protecção comunitária em Angola, foi lançada uma nova campanha de distribuição de mosquiteiros na província do Bié.

Promovida pelo Programa Nacional de Controlo da Malária, com apoio técnico do PNUD e implementação pela World Vision Angola, a campanha integra a Subvenção GC7 do Fundo Global. A iniciativa, já em curso no Bié, será posteriormente expandida às províncias do Cuanza Sul e de Benguela, abrangendo comunidades tanto urbanas como rurais.

Só nesta primeira província, a campanha pretende alcançar até 80% dos agregados familiares, num território que alberga cerca de 1,8 milhões de pessoas. Estão a ser distribuídos mais de 1,2 milhões de mosquiteiros, permitindo que as famílias reforcem a prevenção da malária em casa e protejam os grupos mais vulneráveis, sobretudo as crianças e as mulheres grávidas.

No total, serão distribuídos mais de 4,3 milhões de mosquiteiros nas três províncias.

A disctribuição de mosquiteiros iniciou na Província do Bié

PNUD Angola

Na fase preparatória, o PNUD e os parceiros trabalharam em estreita colaboração com as administrações municipais para pré-posicionar os mosquiteiros, organizar o armazenamento e a logística, e mobilizar as estruturas locais. Este trabalho prévio permitiu um arranque eficiente nos municípios do Cunhinga e do Chinguar, onde as autoridades locais e os voluntários iniciaram rapidamente as acções de sensibilização e o registo das famílias.

A campanha foi oficialmente lançada no Cuito, marcando o início de um esforço que rapidamente se estendeu aos municípios vizinhos. Poucos dias depois, no bairro Dondo, no Chinguar, a iniciativa ganhou força com ampla participação comunitária. 

Sobas, activistas e moradores reuniram-se para dar início à distribuição. Ao dirigir-se à multidão, o Soba local transmitiu o sentimento de urgência partilhado por muitos:

“As nossas crianças não podem esperar mais uma noite sem mosquiteiros.”

As famílias começaram a receber os mosquiteiros nesse mesmo dia, acompanhados por demonstrações práticas sobre a sua utilização e conservação. Para muitos, representou um importante reforço das práticas de saúde e prevenção comunitária.

Entre eles estava João Cussumua, um ancião que partilhou a sua experiência: “Perdi dois filhos por causa da malária nos últimos dois anos. Esta será a primeira vez que o meu filho de cinco anos dormirá debaixo de um mosquiteiro. E para mim, também será a primeira noite em dez anos.”

O empenho das equipas, que percorrem incansavelmente ruas e bairros, encontra o entusiasmo e a esperança da população, que abraça a iniciativa com determinação.

Two men hold a sheer white veil for an outdoor unveiling, crowd gathered under tents.

A disctribuição de mosquiteiros iniciou na Província do Bié

PNUD Angola

Depois dos primeiros dias no Cunhinga e no Chinguar, a campanha estendeu-se ao Cuito, Andulo, Catabola, Cuemba, Chitembo, Nharea, Camacupa e Belo Horizonte, abrangendo áreas urbanas e rurais. Os dez municípios recentemente criados estão também a ser cobertos através das suas comunas-sede, garantindo que nenhuma família fique de fora.

Por detrás de cada mosquiteiro distribuído está um esforço coordenado entre instituições governamentais, parceiros, profissionais de saúde e comunidades. Juntos, estão a transformar a prevenção em acção e a ajudar famílias como a de João a dar um passo simples, mas essencial, rumo a um futuro mais saudável.

Em cada casa visitada, em cada mosquiteiro entregue e em cada mensagem de sensibilização partilhada, uma nova realidade começa a ganhar forma: o Bié está a tornar-se uma província mais protegida, mais consciente e mais determinada na luta contra a malária.