KURIMA - Projecto Piloto de Inclusão Digital e Competências Futuras nas zonas rurais para jovens de Cacuaco

30 de January de 2024

Beneficiarios do projecto Piloto de Inclusão Digital e Competências Futuras. Cacuaco,Luanda. @PNUD Angola, 2023

O papel da tecnologia é cada vez mais importante para o desenvolvimento das sociedades a nível socioeconómico. O seu avanço tem um impacto direto em todos os aspectos socioeconómicos, trazendo progressos importantes em vários aspectos. No entanto, todos estes desenvolvimentos têm levado o PNUD e os seus parceiros de desenvolvimento a refletir sobre a inclusão digital na vida quotidiana, uma vez que, em plena era digital, os jovens necessitam cada vez mais de meios digitais, para não ficarem para trás.

Neste contexto, o Ministério da Economia e Planeamento, sob a égide do  Instituto Nacional de Apoio as Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) em parceria com o Sistema das Nações Unidas  em Angola, através da agência para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), realizaram, no, dia 30 de Janeiro, às 15 horas, na Escola Rural de Agro-processamento “Otchitanda Weza Temperos”, localizada na Kaop Velha, município de Cacuaco, o acto de encerramento do projecto piloto de inclusão digital e competências futuras para os jovens deste município, denominado “KURIMA – abraçar a transformação das economias rurais”. A palavra KURIMA tem origem na língua kimbundu, da cultura Banto e significa: Trabalho, lavrar, cultivar.

O sentido da palavra traduz a essência do projecto que é de valorizar a cadeia de valor agrícola, criando novas oportunidades através da conectividade e o acesso digital para os jovens e especialmente as raparigas nas zonas periurbanas e rurais, que já tem uma ligação histórica e familiar com a agricultura. O projecto contou também com o  apoio do sector privado no desenho  das competências digitais básicas, ferramentas de negócios digitais e comércio eletrónico, bem como na partilha de experiências e lições aprendidas que visamreforçar as operações e capacidades dos jovens e levá-los a pensar em alternativas digitais e não só que adicionam valor ao trabalho de agricultura e transformação alimentar que já se realiza no espaço. O projecto também serviu para testar um compêndio de competências práticas de gestão, negócios e empreendedorismo, orientado para o futuro, cocriado com o sector privado para aumentar as oportunidades de emprego e competências para os jovens envolvidos em negócios da cadeia de valor agrícola.

Domingas Mateus, 18 anos, beneficiaria do projecto Piloto de Inclusão Digital e Competências Futuras para jovens de Cacuaco. @PNUD Angola

Domingas Mateus, 18 anos, do município de Cacuaco, CAOP velha, soube do curso através da formadora Fátima, quando fez o curso de agro-processamento. Em entrevista à unidade de Comunicação do PNUD em Angola, ela disse que a lista de formandos do curso de agro-processamento era a mesma do curso de inclusão digital, em que ela também esteve inserida. 

“A formação que fiz durou um mês e meio. Aprendi muita coisa, como fazer uma loja online, aprendi a trabalhar com o Canva, fiz mais um curso e hoje sei fazer story telling e muito mais, disse.”

“Estou a estudar a 11ª classe , curso de saúde, mas daqui a alguns anos prentendo fazer o curso de agronomia porque com este curso de inclusão digital,  eu,  já trabalhando muito tempo no campo com a minha mãe, aprendi muito,  sei muito e pretendo evoluir mais com este curso e desenvolver o negócio da minha Mãe, acrescentou’’.

Durante a entrevista, que durou cerca de quatro minutos, Domingas contou-nos que começou a trabalhar no campo desde os cinco anos de idade, sim, aos cinco anos já me levavam para o campo, exclamou. Adaptei-me e hoje o meu percurso é escola - campo. Por isso, hoje em dia, saio da escola e vou directamente para o campo.

``Pretendo mudar o negócio da minha Mãe da seguinte maneira: sabendo que ela faz agricultura familiar, quero que ela faça agricultura industrial ou comercial, como se costuma dizer. Também tenciono estudar agronomia e depois vou criar uma loja online para a minha mãe, onde vou vender os produtos dela e muito mais. Pretendo ter várias quintas e produzir vários produtos” partilhou.

Tudo o que tenho a dizer é muito obrigada porque não estávamos à espera de ter um curso como este aqui nesta zona, sendo que nas zonas rurais dificilmente este curso é ministrado.

De salientar que este projecto, que beneficiou os jovens de Cacuaco consubstanciou – se numa formação que teve uma abordagem flexível, permitindo à equipa do projecto adaptar componentes e metodologias de treinamento de acordo com as necessidades e a capacidade de resposta da comunidade local. A iniciativa foi implementada em coordenação com os Salesianos de Dom Bosco Angola que prestaram apoio eficaz ao Laboratório de Aceleração e equipa de Portfólio do PNUD, bem como à equipa do AGRIPREI – FAO, na operacionalização e implementação do pacote de inclusão digital e educação de competências futuras. 

Para fazer face a desafios relacionados à literacia digital e a crescente taxa de desemprego juvenil, o Governo angolano implementou medidas imediatas, incluindo o Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE) ‒ que visa beneficiar directamente 83.000 jovens entre 2019 e 2021 ‒ e o Programa de Reconversão da Economia Informal (PREI) e o AGRIPREI, virando para a agricultura, que tenta promover a transição da economia informal para a economia formal. 

O Escritório do PNUD e da FAO têm apoiado o Governo de Angola na materialição destes dois programas alinhados com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para esta formação, foram fortalecidos a capacidade de um grupo de 20 jovens (10 raparigas e 10 rapazes) que estão envolvidos numa cooperativa actualmente apoiada pelo Projecto AGRIPREI através do Ministério da Economia e Planeamento com assistência técnica da FAO.

Durante as sessões formativas, constatou – se o potencial da tecnologia para o aprimoramento pessoal e profissional, aliado à vontade de aprender existente nas comunidades. Portanto, a formação práctica e os programas educativos centrados nestas áreas e que promovam a aprendizagem contínua podem melhorar a competência digital geral dos participantes. O projeto apresenta potencial de escalabilidade, com foco na ampliação de horizontes no futuro mercado de trabalho para jovens e no fomento ao aumento da disseminação e produção dentro das cooperativas.

Programas como estes podem ter impacto a nível comunitário, uma vez que os equipamentos podem ser utilizados colectivamente para múltiplos fins e com novas capacidades podem ser criados negócios para fortalecer o principal negócio cooperativo.