Ultrapassar barreiras: um caminho colaborativo para a igualdade de género em Angola através da inteligência colectiva – Parte 2
29 de Novembro de 2024
Na primeira parte desta série de artigos, destacámos brevemente o contexto em que o Grupo de Trabalho sobre Género (GWG) da ONU em Angola iniciou uma jornada de inteligência coletiva com o apoio da equipa do Accelerator Lab. Através de um exercício interagências de sensemaking, o GWG identificou insights críticos, destacando os desafios e oportunidades interligados no panorama da igualdade de género e do empoderamento das mulheres em Angola.
Aqui estão os principais desafios identificados pelo grupo:
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Para enfrentar esses desafios, são necessárias mudanças sistémicas, colaboração interinstitucional e investimentos para criar uma abordagem coesa que trate das causas profundas da desigualdade de género em Angola. Aqui estão algumas das principais ideias que estão a moldar o foco do grupo:
- Apoio a grupos vulneráveis: os esforços para promover a igualdade de género devem priorizar os mais vulneráveis, incluindo indivíduos LGBTQI+, pessoas com deficiência e comunidades rurais. Abordar essas diversas necessidades requer uma abordagem direcionada, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e representadas no processo de desenvolvimento.
- Empoderamento económico das mulheres: O empoderamento económico é a pedra angular do desenvolvimento sustentável. Ao melhorar o acesso a serviços financeiros, direitos à terra e recursos digitais, as mulheres podem assumir um maior controlo sobre o seu futuro económico. Iniciativas como o Fórum de Inclusão Financeira das Mulheres visam desenvolver uma estratégia abrangente para as mulheres no setor agrícola, abrindo caminho para o aumento da produtividade e da autossuficiência.
- Educação e literacia digital: A educação é vital para quebrar os ciclos de pobreza, e a literacia digital é uma área emergente de foco. Programas como salas de aula digitais para raparigas rurais, combinados com infraestruturas comunitárias que podem permitir a geração de rendimentos através de áreas mais tradicionais, como a agricultura, a culinária e o processamento de alimentos, destacam a importância de colmatar o fosso digital. Ao dotar mulheres e raparigas de competências tecnológicas essenciais, estes programas criam caminhos para novas indústrias e promovem o equilíbrio de género na força de trabalho.
- Saúde, segurança e acesso à justiça: garantir o acesso a serviços de saúde, particularmente saúde sexual e reprodutiva, é essencial para o bem-estar das mulheres. Em Angola, as barreiras sociais e culturais continuam a restringir o acesso ao planeamento familiar e a cuidados de saúde seguros. O GWG está a trabalhar com parceiros locais e internacionais para defender cuidados de saúde equitativos, garantindo que as mulheres possam aceder aos serviços de que necessitam sem medo ou discriminação.
- Combate à violência de género: A violência de género (VG) continua a ser uma questão generalizada, refletindo o desequilíbrio nas relações de poder e as desigualdades entre mulheres e homens, exigindo medidas urgentes. A abordagem colaborativa do GWG promove soluções abrangentes e mobiliza recursos, desde proteções legais e formação sobre VG para a polícia até espaços seguros para sobreviventes. Ao quebrar o silêncio em torno da VG, o GWG visa criar comunidades mais seguras para mulheres e raparigas em toda Angola.
Construindo o futuro juntos
Os resultados desta sessão de inteligência coletiva serviram de base para o roteiro do Grupo de Trabalho sobre Género da ONU, que oferece um plano para uma mudança transformadora. Ao promover parcerias, defender direitos e desenvolver programas práticos, o GWG busca empoderar mulheres e meninas, elevar vozes marginalizadas e, em última instância, alcançar uma Angola mais inclusiva.
O Gender Sensemaking da ONU contribuiu para a criação de iniciativas conjuntas e facilitou o diálogo interinstitucional. Com essa ferramenta, podemos estruturar acções estratégicas conjuntas que promovem maior colaboração e impacto na área de género. Esse processo também nos permitiu identificar áreas prioritárias para intervenção e trabalhar de forma coordenada, fortalecendo o compromisso coletivo com a igualdade de género.Luísa Vieites Rodrigues, Responsável pela Igualdade de Género, UNICEF Angola
Para Angola, a igualdade de género é mais do que um objetivo, tem um efeito multiplicador para alcançar um crescimento económico sustentável e inclusivo, a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável — é a chave para libertar todo o potencial do país! Através da colaboração e do compromisso contínuos, o GWG e os seus parceiros estão a liderar a luta por um futuro onde todos, independentemente do género, possam prosperar e contribuir para a prosperidade da nação.