Projeto PCB Responsável tem por objetivo uma abordagem transversal do assunto para garantir proteção a mulheres e meninas.
Avançando juntas: como ações contra a poluição podem contribuir para a igualdade de gênero
24 de Junho de 2025

Promover uma sociedade livre de poluentes pode ajudar a reduzir as desigualdades entre mulheres e homens
A gestão segura e o descarte adequado de poluentes e resíduos perigosos são desafios globais que afetam toda a sociedade, mas não de forma igual. As desigualdades de gênero também moldam como homens e mulheres são impactados por certos tipos de poluição.
Reconhecer como essas desigualdades moldam especificamente a exposição e os efeitos da poluição entre mulheres e homens é um dos caminhos para se aproximar do Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, de Igualdade de Gênero.
Exposição diferenciada –Mulheres e homens são impactados de formas diferentes por produtos químicos e resíduos perigosos, e as desigualdades de gênero agravam essas diferenças. Fatores biológicos podem influenciar a forma como o corpo processa e acumula essas substâncias, resultando em vulnerabilidades específicas.
Por exemplo, a maior proporção de tecido adiposo pode levar à bioacumulação de certos compostos, como as bifenilas policloradas (PCBs), um composto químico antigamente utilizado em capacitores e transformadores.
Nas mulheres, essa exposição pode prejudicar a saúde reprodutiva na gravidez e amamentação. Já nos homens, essas exposições podem causar problemas de fertilidade, mostrando que ambos os grupos precisam de atenção e cuidado específicos.
Setor elétrico – Além da exposição diferenciada, a questão de gênero também se relaciona com as dinâmicas de trabalho. A frequência com que mulheres são empregadas em níveis mais baixos pode levá-las a uma maior exposição ocupacional a esses compostos perigosos, independentemente de sua fisiologia.
Segundo a pesquisa “Mulheres no Setor Elétrico”, da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as mulheres representam apenas 20,81% do total de colaboradores no setor. Quando se trata de posições de liderança, apenas 22,24% desses cargos são ocupados por elas.
“É necessário proporcionar oportunidades para a participação das mulheres na tomada de decisões e na formulação de políticas relacionadas à gestão de produtos químicos e resíduos, visto que elas podem contribuir ainda mais a gestão sustentável de produtos químicos e soluções para resíduos”, explica a gerente do Projeto PCB Responsável, Angelica Griesinger.
O papel das empresas –Alcançar a equidade de gênero no Brasil é uma responsabilidade compartilhada entre o setor público, o setor privado e a sociedade civil organizada.
No contexto da Agenda 2030, esse compromisso está diretamente ligado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5, que visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
No setor privado, isso se traduz na adoção de políticas e práticas inclusivas, bem como na promoção de uma cultura organizacional comprometida com a diversidade e a equidade. Além disso, é necessário garantir o acesso à informação, ao uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados e à formação técnica de qualidade.
“As mulheres que atuam diretamente com produtos químicos e poluentes devem ser especialmente protegidas e reconhecidas por sua relevância estratégica nesses setores. Ao adotar medidas que considerem as especificidades de gênero, as empresas não apenas promovem justiça social, mas também contribuem para um futuro mais equitativo para as próximas gerações de trabalhadores e trabalhadoras”, explica Griesinger
Ações do Projeto PCB Responsável
No Brasil, o Projeto PCB Responsável atua para eliminar um poluente perigoso, as bifenilas policloradas (PCBs), e prevê um Plano de Ação de Gênero voltado à promoção da equidade de gênero, à proteção da saúde e ao fortalecimento da participação feminina nas atividades relacionadas à gestão de bifenilas policloradas (PCBs).
Entre as principais ações estão garantir que as mulheres tenham acesso à informação sobre o tema, promover o acesso ao uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), e sensibilizar de seus diversos atores para promover uma abordagem inclusiva de gênero em suas ações.
O projeto é uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), em parceria com o PNUD Brasil e financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).
Para mais informações, acesse o site do projeto.