Minhas senhoras e meus senhores,

É para mim uma honra e uma inspiração estar hoje aqui convosco.

Tive o privilégio de trabalhar em seis Pequenos Estados Ilhéus em Desenvolvimento nas Caraíbas e de viajar para muitos outros. Para estes países, o turismo não é apenas um complemento, é a base das suas economias, criando empregos, sustentando comunidades e posicionando-os de forma competitiva no palco turístico mundial.
Por exemplo,

• Em Barbados, a Gruta de Harrison é uma maravilha subterrânea que atrai milhares de visitantes todos os anos.
• Nas Bermudas, as cavernas Crystal e Fantasy transformaram a geologia numa marca turística global.
• Na Jamaica, os recifes de corais vibrantes e os parques marinhos não só são preservados, como também promovidos, atraindo mergulhadores e ecoturistas de todo o mundo.

Estas ilhas, embora pequenas, demonstraram uma criatividade notável, transformando grutas, recifes e linhas costeiras em atracções de classe mundial, tornando o sector do turismo um poderoso motor das suas economias e sociedades.

Sabiam que, a nível global, o turismo representa 10% do PIB e apoia mais de 350 milhões de empregos? A percentagem no PIB é ainda mais expressiva nos pequenos Estados insulares, já que mais de 80% deles têm mais de 40% do seu PIB directamente ligado ao turismo.

Minhas Senhoras & Meus Senhores

A mensagem é clara: quando o turismo é inclusivo e sustentável, pode tornar-se uma força dinâmica de transformação.

Estas experiências trazem lições importantes para nós. Se eles conseguiram, imaginem o que Angola, com a sua vasta extensão territorial, os seus grandes rios, biodiversidade e património cultural extraordinário, pode alcançar. Esta é a nossa esperança para Angola!

Este ano, a União Africana declarou 2025 como o Ano da Justiça para os Africanos e Pessoas de Ascendência Africana, através das Reparações. Embora este apelo esteja enraizado na justiça, podemos aproveitar esta oportunidade para colocar Angola e a sua história notável sob os holofotes.

Hoje, mais de 200 milhões de pessoas nas Américas (Norte, Centro, Sul e Caraíbas) identificam-se como sendo de descendência africana, e há evidências de que Angola foi a maior fonte individual de africanos escravizados no comércio transatlântico, que envolveu cerca de 6 milhões de pessoas.

Se isto for verdade, então até 100 milhões de pessoas de ascendência africana nas Américas podem traçar a sua ancestralidade até Angola.

Pensemos bem: cem milhões de irmãos e irmãs com raízes aqui, ligados de uma forma ou de outra.

Minhas Senhoras & Meus Senhores

É esta a visão que trazemos para Massangano.

Para cerca de 100 milhões de pessoas na diáspora, Massangano pode ser mais do que uma história sombria e dolorosa de partida forçada. Pode tornar-se:

o    Num símbolo de dignidade
o    Uma ponte entre oceanos e gerações
o    Um centro vivo de memória, cultura e renovação.

Impulsionar o turismo oferece um caminho para a diversificação, ao gerar empregos, divisas e renda para a comunidade. Lembrem-se, cada visitante fortalece a nossa economia, desde hotéis e restaurantes até transportes, artesanato e empresas locais, ao mesmo tempo que preserva o nosso património e as nossas gerações futuras.

É por isso que, em conjunto com o Governo de Angola, particularmente com o Ministério do Turismo, o Ministério da Cultura e o Governo Provincial do Cuanza Norte, o PNUD e a Câmara Americana de Comércio em Angola, lançamos hoje a campanha “Roots Reconnected”, para trazer para Massangano:
•    Um Jardim Memorial para honrar o passado;
•    Trilhas educativas e espaços culturais que contem a verdade da história;
•    Formações comunitárias e actividades de turismo sustentável ao longo do Rio Cuanza, criando empregos e meios de vida.

E assim, convido hoje: 
•    Os nossos parceiros a juntarem-se a nós para tornar esta visão realidade;
•    Os nossos irmãos e irmãs da diáspora a assumirem este lugar como vosso.

Visitem a nossa plataforma. Contribuam como puderem. Porque nenhuma contribuição é pequena quando carrega o peso da história e a promessa de um amanhã melhor.

Cada doação planta uma semente de dignidade. Cada gesto devolve um pedaço de identidade. Cada acto de generosidade constrói uma ponte — no tempo, nos oceanos, nas gerações.

Ilustres convidados,

Juntos, podemos reconectar as raízes.
Juntos, podemos honrar o passado.
Juntos, podemos dar à próxima geração orgulho e prosperidade.

Façamos de Massangano não apenas um lugar recordado pela partida, mas um lugar celebrado pelo regresso.
Muito obrigada.