Impacto da mudança global do clima nas inundações em áreas costeiras aumentará cinco vezes neste século

Dados são do PNUD e do Climate Impact Lab, que incluem Rio de Janeiro e Santos, no Brasil, entre cidades com risco mais elevado de inundações até 2050

29 de November de 2023

 

A América Latina, o Caribe, o Pacífico e os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento estão na linha de frente, sob o risco de perder, para inundações permanentes, significativas porções de terra e infraestrutura. Centenas de cidades altamente populosas estarão expostas a risco mais elevado de inundação se mantido o atual ritmo de emissões.

 

  • Até 2050, segundo as projeções, centenas de cidades costeiras altamente populosas estarão expostas a risco de inundação, incluindo terras que abrigam cerca de 5% da população de cidades costeiras, como Santos, no Brasil; Cotonou, no Benin; e Calcutá, na Índia.
  • Até 2100, mantido o atual nível de emissões, essa exposição dobra para terras ocupadas por 10% da população dessas áreas costeiras altamente populosas.
  • Os impactos nas regiões costeiras, geralmente locais de grandes centros sociais e econômicos, podem desencadear retrocessos no desenvolvimento humano em todo o mundo.

 

Nova York / Chicago, 28 de novembro de 2023 – A extensão das inundações costeiras aumentou nos últimos 20 anos como resultado da elevação do nível do mar. Isso significa que 14 milhões de pessoas a mais, em todo o mundo, vivem agora em comunidades costeiras com chance anual de 1 em 20 de inundação, revelam novos dados. Caso mantido o curso atual de emissões globais de gases de efeito estufa (SSP2-4.5), projeta-se que, até o fim do século, essa probabilidade de inundação de 1 em 20 valerá também para áreas hoje povoadas por quase 73 milhões de pessoas.

 

Novos dados divulgados hoje pela plataforma Human Climate Horizons, uma colaboração entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Climate Impact Lab (CIL), mapeiam em detalhes esse aumento de cinco vezes na suscetibilidade a danos causados por enchentes ao longo das linhas costeiras densamente povoadas no mundo. A plataforma de dados torna visível onde os impactos da elevação do nível do mar podem mais ameaçar residências e infraestrutura.

 

Centenas de cidades altamente populosas enfrentarão mais risco de inundação até meados do século, comparativamente a um futuro sem mudança global do clima. Isso inclui as terras que abrigam cerca de 5% da população de cidades costeiras, como Santos, no Brasil; Cotonou, no Benin; e Calcutá, na Índia. Prevê-se que a exposição ao risco de inundação dobre para 10 por cento da população até o fim do século.

 

Muitas regiões de baixa altitude ao longo das costas da América Latina, da África e do Sudeste Asiático podem enfrentar grave ameaça de inundação permanente, parte de uma tendência alarmante com o potencial de deflagrar retrocesso no desenvolvimento humano nas comunidades costeiras de todo o mundo. Até 2100, estima-se que a mudança global do clima cause a submersão de parcela significativa de terra (>5%) nos seguintes Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS) e Membros Associados das Comissões Regionais das Nações Unidas: Bahamas, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman, Maldivas, Ilhas Marshall, Turks e Caicos, Tuvalu e Seychelles.

 

Nos níveis mais altos de aquecimento global (SSP5-8.5), aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados de terras costeiras (uma área maior que o território da Grécia ou de Bangladesh) seriam inundados até 2100, em comparação com um futuro sem mudança do clima. Isso inclui vastas extensões de cidades costeiras no Equador, na Índia, na Arábia Saudita, no Vietnã e nos Emirados Árabes Unidos – sede da COP 28. Com ação concertada para reduzir as emissões globais e colocar o mundo no caminho certo para limitar o aquecimento abaixo de 2 graus Celsius (SSP1-2.6), 70 mil quilômetros quadrados dessa terra em risco deverão permanecer acima do nível do mar.

 

"Os efeitos da elevação do nível do mar colocarão em risco décadas de progresso do desenvolvimento humano em zonas costeiras densamente povoadas, onde vive uma em cada sete pessoas do mundo", afirma o diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição. "O deslocamento de milhões de pessoas e a interrupção da atividade econômica nos principais centros de negócios podem introduzir novos elementos de instabilidade e aumentar a competição por recursos. Essa nova pesquisa do PNUD e do Climate Impact Lab é mais um aviso para os tomadores de decisão que irão à COP 28 de que o momento de agir é agora”, completa.

 

Sem defesas nas linhas costeiras, no pior cenário de aquecimento até o fim deste século, projeta-se que 5% ou mais das seguintes cidades ficarão permanentemente abaixo do nível do mar:

 

o Guayaquil, Equador 

o Barranquilla, Colômbia 

o Santos, Brasil

o Rio de Janeiro, Brasil

o Kingston, Jamaica

o Cotonou, Benin

o Kolkata, Índia

o Perth, Austrália

o Newcastle, Austrália

o Sydney, Austrália

 

Esses alertas estão detalhados na plataforma Human Climate Horizons, que fornece a cidadãs e cidadãos e tomadores de decisão globais informações localizadas sobre as projeções do impacto da mudança do clima ao longo deste século para as pessoas e comunidades. No lançamento de hoje, a plataforma revela projeções da elevação local do nível do mar e seus impactos sobre humanos em três cenários de emissões futuras. Esses dados derivam de observações de satélites e medidores de maré e conjuntos de modelos do 6º Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Com detalhes geográficos, os novos dados pintam um quadro nítido de um mundo em luta contra as consequências do derretimento do gelo das montanhas e dos polos, e a expansão da água do mar à medida que se aquece.

 

"Essas projeções não são conclusões categóricas; em vez disso, elas podem ser um catalisador para a ação", afirmou a diretora associada do Climate Impact Lab, Hannah Hess. "Ações rápidas e sustentadas para reduzir as emissões afetarão a rapidez e o grau de impacto sobre as comunidades costeiras. A redução das emissões não apenas mitiga o risco, mas nos permite ganhar tempo para responder proativamente e nos preparar para a elevação do nível do mar”, observou.

 

Além dos impactos mais recentes da elevação do nível do mar, a plataforma ilustra como a mudança do clima poderá influenciar a temperatura e seus impactos sobre a mortalidade, o uso de energia e a força de trabalho global. Essas projeções estão disponíveis em vários cenários de emissões de gases de efeito estufa para 24 mil regiões em todo o mundo, lançando luz sobre as implicações ao futuro coletivo, revelando grandes desigualdades dentro dos países e entre eles, e identificando áreas onde são mais graves os riscos da mudança do clima sem ações de mitigação.

 

Contatos para a imprensa:

 

Stanislav Saling | Especialista em Comunicações | Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do PNUD | Celular: +347 653 1980 | E-mail: stanislav.saling@undp.org

 

Maggie Young | Gerente Sênior de Comunicações do Rhodium Group – Climate Impact Lab | Celular: +1 510 984 1917 | E-mail: myoung@rhg.com

 

Nota aos Editores: Principais conclusões (são informadas médias)

 

Sem defesas nas linhas costeiras, até o fim do século, 5% ou mais desses países e territórios poderão ser permanentemente inundados:

 

  • Em um cenário de baixas emissões (SSP1-2.6): Ilhas Cayman, Maldivas, Ilhas Marshall, Países Baixos, São Martinho, Turks e Caicos, Tuvalu.
  • 5 locais são SIDS ou Membros Associados das Comissões Regionais das Nações Unidas.
  • Em um cenário de emissões intermediárias (SSP2-4.5): Bahamas, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman, Guernsey, Maldivas, Ilhas Marshall, Países Baixos, São Martinho, Seychelles, Turks e Caicos, Tuvalu.
  • 8 locais são SIDS ou Membros Associados das Comissões Regionais das Nações Unidas.
  • Em um cenário de emissões muito elevadas (SSP5-8.5): Anguilla, Bahamas, Bonaire, Sint Eustatius e Saba, Ilhas Virgens Britânicas, Ilhas Cayman, Gibraltar, Polinésia Francesa, Guernsey, Maldivas, Ilhas Marshall, Mônaco, Países Baixos, São Martinho, Seychelles, Turks e Caicos, Tuvalu, Wallis e Futuna.
  • 11 locais são SIDS ou Membros Associados das Comissões Regionais das Nações Unidas.

 

Até o fim do século, o risco anual de inundação de 1 em 20 se estende para áreas que atualmente abrigam:

 

• 59,4 milhões de pessoas em um cenário de baixas emissões (SSP1-2.6).

• 72,8 milhões de pessoas em um cenário de emissões intermediárias (SSP2-4.5).

• 97,6 milhões de pessoas em um cenário de emissões muito altas (SSP5-8.5).

 

 

Sobre o PNUD

O PNUD é o organismo das Nações Unidas que prioriza a luta para erradicar a pobreza, a desigualdade e a mudança do clima. Trabalhando com ampla rede de especialistas e parceiros em 170 países e territórios, apoia as nações na construção de soluções integradas e duradouras para as pessoas e o planeta. Saiba mais em undp.org ou siga-nos em @UNDP.