Café de Açaí: parceria para o desenvolvimento sustentável

PNUD, SEBRAE e ABDI unem esforços em projeto de fortalecimento do empreendedorismo e de micro e pequenas empresas focadas na biodiversidade brasileira

2 de August de 2023
Crédito: Engenho do Açaí

Com a pandemia de COVID-19 em 2020, Valda e Lázaro Gonçalves se viram com dificuldades financeiras em sua loja de confecções. Em busca de alternativas para seu sustento, o casal observou um problema em sua região do Amapá: o descarte impróprio do subproduto do açaí. Essa observação os levou a buscar soluções e culminou em um produto original, ecológico e diferenciado: o café de açaí.

O caroço do açaí representa até 80% do volume do fruto, e seu descarte inadequado tem impactos ambientais negativos, já que um dos subprodutos de sua decomposição é o gás metano, um dos responsáveis pelo efeito estufa. Seu aproveitamento, portanto, como o café criado pelos empreendedores, desempenha papel importante na preservação e manutenção do meio ambiente, contribuindo para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 15, cujo foco é proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres.

Crédito: Engenho do Açaí

Durante um ano de testes utilizando os caroços restantes da produção do açaí, Valda e Lázaro desenvolveram um protótipo de máquina artesanal para processá-los, removendo o excesso de fibras, para a posterior torra e moagem. O resultado foi uma bebida de textura similar ao café, com um sabor suave e agradável, que traz benefícios à saúde devido à alta concentração de vitaminas B1 e B12, além de não conter cafeína.

Em busca de capacitação e suporte para impulsionar a venda do novo produto, o casal recorreu ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), que, no âmbito do Programa de Aceleração Inova Amazônia, prestou consultoria e ofereceu recomendações técnicas para gestão e inovação, bem como sugestões para a formação de plano de negócios, precificação e custo do produto. O Inova Amazônia conta com parceria também da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).

Crédito: Engenho do Açaí

Segundo a analista da Unidade de Inovação do SEBRAE Nacional, Valéria Schneider Vidal, “o Engenho Café de Açaí é um dos melhores exemplos dos resultados positivos do Projeto Inova Amazônia. Para o SEBRAE e o PNUD Brasil, a maior satisfação foi contribuir com o conhecimento de mercados mais avançados para a internacionalização de sua operação e, sobretudo, para que se torne uma excelente referência para outras empresas.”

O PNUD possibilitou a internacionalização da microempresa por meio de uma rodada de negócios na Alemanha. Valda Gonçalves teve a oportunidade de apresentar seu produto a possíveis investidores e dar início a uma nova fase de seu crescimento como empreendedora de sucesso. “Sou apaixonada pela vida, meus sonhos e meu negócio. Sou eternamente grata por tudo que o PNUD me proporcionou”, declara entusiasmada.

 

Foi nesse contexto que o Engenho Café de Açaí se tornou um dos casos de sucesso abarcados pelo projeto, que promove a recuperação socioeconômica dos impactos negativos da pandemia de COVID-19, frisando a importância da sustentabilidade e inovação, estimulando o desenvolvimento humano.

A primeira remessa, de meia tonelada do produto, será enviada ao mercado alemão já nos próximos dias. A empresa está em franca expansão. O objetivo é aumentar seu quadro de funcionários e expandir a fábrica, aumentando sua produção atual de 4 toneladas de café de açaí para 10 toneladas por mês. 

O progresso não para por aí. A combinação dessas abordagens e tecnologias pode contribuir para o desenvolvimento de várias frentes, entre elas a criação de um mercado de produtos da biodiversidade robusto, estável e eficiente. Com isso, promove a conservação do meio ambiente, fornece incentivos para a adoção de práticas mais sustentáveis, fortalece as cadeias produtivas, valoriza o conhecimento, impulsiona o crescimento econômico e propicia o bem-estar social. 

Para o líder da Unidade de Desenvolvimento Socioeconômico do PNUD no Brasil, Cristiano Prado, “esse resultado, oriundo da parceria do PNUD com o SEBRAE e a ABDI, exemplifica o potencial que o país tem com a bioeconomia, que pode promover a sustentabilidade no território amazônico e se tornar um motor de crescimento da região, impulsionando o desenvolvimento humano.”