Bifenilas policloradas (PCB): onde estão, os tipos de tratamento e cuidados

No Brasil, existem tecnologias para destruir essas substâncias de forma segura.

24 de Junho de 2025

PCBs podem ser encontrados em fluidos isolantes presentes em equipamentos elétricos como transformadores

Foto: Divulgação/Ministério de Minas e Energia

Proteger o solo e a água de substâncias que fazem mal ao meio ambiente e à saúde requer preparo e técnicas específicas. Como cada tipo de poluente é diferente, a maneira de realizar a destinação também.

A destinação de um óleo isolante utilizado antigamente em transformadores de energia é diferente do descarte do lixo doméstico. As bifenilas policloradas (PCBs), presentes nesses óleos, são Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), que precisam ser retirados de uso até 2025 e eliminados até 2028, seguindo processos industriais controlados.  

No Brasil, existem tecnologias como o tratamento químico e o tratamento térmico para destruir essas substâncias de forma segura.

Tratamentos de PCBs no Brasil – Como o próprio nome sugere, o tratamento químico consiste na mistura do óleo contaminado com reagentes específicos para os compostos de cloro das PCBs, transformando-os em substâncias menos nocivas. 

Já no tratamento térmico, os óleos contaminados são submetidos a altas temperaturas, para destruir toda a molécula orgânica reduzindo-a a água, CO2 e cloro, neutralizando assim a toxicidade.

“O processo começa com o recebimento, conferência e segregação segura dos resíduos, seguido da remoção do óleo dos tambores ou equipamentos para uma análise inicial do teor de PCB”, explica Lethicia Lopes, que atua na Nova Logística Reversa, uma das empresas licenciadas para realizar essa operação.

“Em seguida, o óleo passa por um sistema de termovácuo, que aquece e elimina a umidade. Com o óleo seco, ele é transferido para um reator, onde ocorre a desalogenação por meio da reação com sódio metálico disperso em óleo mineral isolante (20–40%). Essa reação quebra as ligações do cloro com a molécula do PCB, transformando-o em compostos inofensivos”.

Proteção redobrada – Para proteção do meio ambiente, são adotadas medidas estruturais e de mitigação, tais como o revestimento de pisos e superfícies que podem ser contaminadas, e preparação de medidas de contenção extras.

“Todos os pisos industriais nos locais de armazenamento de resíduos são revestidos com uma manta de PEAD. Qualquer efluente gerado em seu interior é destinado para caixas coletoras externas. Há também um anel de contenção instalado ao redor do perímetro para assegurar a proteção da operação”, esclarece Paulo Márcio Simões, da Ecovital Central de Gerenciamento Ambiental, que também atua na destruição de PCB no Brasil.

A proteção dos colaboradores também é uma preocupação que leva à adoção de medidas específicas nesse processo.

“Temos procedimentos específicos, exames de controle de saúde dos funcionários, treinamentos teóricos e práticos para manipulação de resíduos, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e Coletivos (EPCs) adequados às atividades, seguro ambiental para remediação imediata em caso de derramamento acidental in loco e auditorias ambientais periódicas”, adiciona Cláudio Aparecido, da MGTRAFOS, outra empresa destinadora de PCB.

O cuidado com o meio ambiente e as pessoas que trabalham nas empresas é tratado caso a caso, como destaca Leslie Freitas da Silva, da WPA Ambiental: “Elaboramos um plano de trabalho para cada projeto contratado, no qual estão estabelecidos os procedimentos de prevenção à poluição e a acidentes. Realizamos Análise Preliminar de Risco (APR) para cada atividade de campo”.

O Projeto PCB Responsável

O Projeto de Destruição Ambientalmente Adequada de PCB no Brasil, conhecido como Projeto PCB Responsável, busca apoiar o país na eliminação de equipamentos contaminados com bifenilas policloradas (PCBs), também conhecidas como “Ascarel”, em cumprimento à Convenção de Estocolmo.

A iniciativa é executada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).

Para obter mais informações sobre como participar do projeto, acesse o site ou entre em contato pelos e-mails pcb@mma.gov.br e projeto.pcb@undp.org.