Presidentes de São Tomé e Príncipa e da Libéria são os convidados da reunião de Alto Nível das Nações Unidas por serem exemplo de Paz

9 de February de 2022

@Edlena Barros - UNDP

O Departamento Político das Nações unidas e o PNUD reuniram hoje os Chefes de Estado e Ministros dos Negócios Estrangeiros de vários países para um balanço sobre a intervenção das Nações Unidas na prevenção de conflitos.
Apenas dois  presidentes africanos foram convidados a tomar a palavra. São Tomé e Príncipe e  a Libéria. Os dois países foram convidados por serem considerados casos de sucesso no que concerne a prevenção de conflitos, no seu relacionamento com as Nações Unidas e pelo perfil dos Chefes de Estado que simbolizam nova geração de políticos do continente africano.

O Presidente da República falou em Inglês, mas recordou que o fez porque ainda a língua portuguesa não ser oficial das Nações Unidas, dirigiu o primeiro cumprimento ao também falante da língua portuguesa, ao Secretário Geral da ONU, António Guterres.

Carlos Vila Nova expressou ser honra para si e para o povo de São Tomé e Príncipe participar no evento e que é também um reconhecimento do compromisso com a paz do seu país, quer interna, quer na região e no mundo. Enfatizou também que se deve celebrar os mais de 75 anos das Nações Unidas. Contudo, lembrou que se deve celebrar, mas se deve também reflectir e agir de modo que os princípios fundadores das Nações Unidas sejam cumpridos.

Saudou as novas "formas de trabalho" das Nações Unidas, como o Programa Conjunto e o Fundo de Desenvolvimento e o Departamento de Política e Paz, e referiu, seguir de perto a reforma da ONU que o Secretário-Geral tem vindo a implementar, segundo Vila Nova “audaciosamente, com o simples propósito de corrigir o que é notoriamente mau e melhorar tudo o que já está a funcionar bem.”

Lembrou que, São Tomé e Príncipe não conheceu guerras, nem conflitos violentos, que o povo são-tomense é acolhedor, no entanto, disse que o país sofre com “uma das guerras mais difíceis de combater para a humanidade, a pobreza.  E, além disso, temos uma população extremamente jovem a enfrentar o desemprego e com muitos deles, a aperceberem-se, tristemente de que só podem realizar os seus sonhos se emigrarem. “

O Presidente referiu que muitas vezes a comunidade internacional actua quando o conflito já está nas ruas, ou como vimos nas últimas semanas, quando um golpe de estado assume o poder institucional. E muitas vezes, nessa fase, já é demasiado tarde.

afirmou: “continuamos a ter mais conflitos no mundo, mesmo ameaças, no velho continente europeu. Após 75 anos e poucos meses continuamos a assistir aos horrores dos conflitos, sejam eles: conflitos étnicos, étnicos, religiosos, territoriais, luta pelo acesso ao poder e aos recursos... e ultimamente devido às alterações climáticas.  Como presidente de um país da África Central, deixem-me partilhar a minha profunda convicção: em todas as circunstâncias, prevenção, prevenção, prevenção!”

Explicou que nos últimos anos também São Tome e Príncipe tem tido alguns sinais e ameaças à estabilidade - sobretudo nos momentos eleitorais e agradeceu às ONU na sua acção preventiva

Saudou a comunidade internacional pela “Com uma sábia acção de prevenção, para aproximar as partes, para restabelecer a confiança mútua e ajudaram tecnicamente o nosso processo eleitoral a garantir uma eleição livre, justa e transparente. “

A lição que se pode retirar deste mecanismo de prevenção é que o conflito não é fatal.  Quando devidamente tratado e em tempo oportuno, pode ser evitado.

Falando do seu exemplo “Outra lição importante é a de um mecanismo de alerta precoce imparcial e vigilante, que permite uma acção rápida e eficaz a montante, ou seja, antes que os mal-entendidos e desacordos criem raízes e se tornem irreversíveis.  Mas mais uma vez, perdoem-me, mas pela minha própria experiência, o alerta precoce precisa de ser seguido de uma resposta empenhada e precoce. Não servirá de nada ter o alerta se não agirmos.

Não há país demasiado pequeno ou demasiado grande no que diz respeito ao conflito. Há pessoas... rostos de crianças, velhos, civis, ... que são vítimas de conflitos. Nenhum país é demasiado pequeno ou demasiado grande para não merecer a nossa atenção.”

Carlos Vila Nova foi eleito em 2021 numa eleição altamente disputada, e tomou posse em outubro de 2021. O país realiza eleições legislativas, regionais e locais em 2022.