25 países reduziram pela metade a pobreza multidimensional em 15 anos, mas 1,1 bilhão ainda vive na pobreza

Houve progresso evidente, como no caso da Índia, mas o impacto da COVID-19 ainda está por ser avaliado.

11 de July de 2023

A Índia viu uma redução notável na pobreza, com 415 milhões de pessoas saindo da pobreza em apenas 15 anos (2005/6–19/21). Um grande número de pessoas saiu da pobreza na China (2010–14, 69 milhões) e na Indonésia (2012–17, 8 milhões).

Crédito: UNDP/Índia

11 de julho de 2023, Nova York – A versão mais recente do Índice Global de Pobreza Multidimensional (IPM) com estimativas para 110 países foi lançada hoje pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Iniciativa de Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford (OPHI), da Universidade de Oxford. O relatório demonstra que a redução da pobreza é possível. No entanto, a falta de dados abrangentes sobre a pandemia de COVID-19 apresenta desafios na avaliação das perspectivas imediatas.

A análise das tendências de 2000 a 2022, focada em 81 países com dados comparáveis ao longo do tempo, revela que 25 países reduziram pela metade seus valores de IPM global em 15 anos, mostrando que um progresso rápido é alcançável. Esses países incluem Camboja, China, Congo, Honduras, Índia, Indonésia, Marrocos, Sérvia e Vietnã.

Destaca-se que a Índia registrou uma redução notável na pobreza, com 415 milhões de pessoas saindo da pobreza em apenas 15 anos (2005/6-19/21). Elevado número de pessoas saiu da pobreza na China (2010-14, 69 milhões) e na Indonésia (2012-17, 8 milhões).

Países reduziram seu IPM em períodos tão curtos quanto 4 a 12 anos, demonstrando a viabilidade da meta do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de reduzir pela metade a pobreza de acordo com definições nacionais em 15 anos. Assim, é crucial considerar índices de pobreza multidimensional específicos de cada contexto, que reflitam as definições nacionais de pobreza, uma vez que o IPM global avalia a pobreza multidimensional com a mesma metodologia.

Apesar dessas tendências encorajadoras, a falta de dados pós-pandemia para a maioria dos 110 países contemplados no IPM global limita a compreensão dos efeitos da pandemia na pobreza. 

O diretor do Escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano, Pedro Conceição, observou: "Ao alcançarmos o ponto intermediário da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, podemos claramente ver que houve progresso constante na redução da pobreza multidimensional antes da pandemia. No entanto, os impactos negativos da pandemia em dimensões como a educação são significativos e podem ter consequências de longo prazo. É imperativo que intensifiquemos os esforços para compreender as dimensões mais afetadas negativamente, exigindo uma coleta de dados e esforços políticos fortalecidos para retomar a redução da pobreza ao rumo certo".

Com base nos poucos países onde os dados foram coletados, apenas em 2021 ou 2022 – México, Madagascar, Camboja, Peru e Nigéria –, o ímpeto de redução da pobreza pode ter persistido durante a pandemia. Camboja, Peru e Nigéria mostraram reduções significativas em seus períodos mais recentes, oferecendo esperança de que o progresso ainda seja possível. No Camboja, o caso mais encorajador entre eles, a incidência da pobreza caiu de 36,7% para 16,6%, e o número de pessoas pobres foi reduzido pela metade, de 5,6 milhões para 2,8 milhões, tudo isso em apenas 7,5 anos, incluindo os anos da pandemia (2014-2021/22). 

No entanto, os impactos globais completos ainda precisam ser medidos. Com novo foco na coleta de dados, é preciso ampliar o quadro para incluir os impactos da pandemia nas crianças. Em mais da metade dos países contemplados, não houve redução estatisticamente significativa na pobreza infantil ou o valor do IPM caiu mais lentamente entre as crianças do que entre os adultos durante pelo menos um período. Isso sugere que a pobreza infantil continuará sendo um problema urgente, especialmente em relação à frequência escolar e à desnutrição.

"A escassez impressionante de dados sobre a pobreza multidimensional é difícil de compreender, quanto mais justificar. O mundo está sobrecarregado por um dilúvio de dados e se preparando para a próxima era de crescimento digital. No entanto, não temos uma visão pós-pandêmica para 1 bilhão dos 1,1 bilhão de pessoas pobres", afirma a diretora da OPHI na Universidade de Oxford, Sabina Alkire. "Esse problema é facilmente solucionável – os dados sobre pobreza multidimensional são mais rápidos de coletar do que muitos percebem –, requerendo apenas 5% das perguntas nas pesquisas que usamos. Pedimos aos financiadores e cientistas de dados que obtenham mais dados sobre pobreza, para que as privações interconectadas que afetam as pessoas pobres em tempo real possam ser rastreadas e interceptadas". 

O IPM global monitora a redução da pobreza e informa políticas, mostrando como as pessoas experimentam a pobreza em diferentes aspectos de suas vidas diárias – desde o acesso à educação e à saúde, até os padrões de vida, como moradia, água potável, saneamento e eletricidade. O IPM, como índice de pobreza, pode ser visualizado como uma torre empilhada das privações interligadas experimentadas por indivíduos pobres, com o objetivo de eliminar essas privações

De acordo com a edição de 2023, 1,1 bilhão de um total de 6,1 bilhões de pessoas (pouco mais de 18%) vivem em pobreza multidimensional aguda em 110 países. A África Subsaariana (534 milhões) e o Sul da Ásia (389 milhões) abrigam aproximadamente cinco em cada seis pessoas pobres. 

Quase dois terços de todas as pessoas pobres (730 milhões) vivem em países de renda média, tornando a ação nesses países vital para a redução da pobreza global. Embora os países de baixa renda representem apenas 10% da população incluída no IPM, é nesses países que residem 35% de todas as pessoas pobres. 

Crianças menores de 18 anos representam metade das pessoas pobres pelo IPM (566 milhões). A taxa de pobreza entre as crianças é de 27,7%, enquanto entre os adultos é de 13,4%. A pobreza afeta predominantemente áreas rurais, com 84% de todas as pessoas pobres vivendo em áreas rurais. As áreas rurais são mais pobres do que as áreas urbanas em todas as regiões do mundo.

O IPM lança luz sobre a complexidade da pobreza, onde diferentes indicadores contribuem para a experiência de pobreza das pessoas de maneiras diferentes, variando de região para região subnacional e entre e dentro das comunidades. Garantir que os dados sobre a pobreza global estejam atualizados e sejam abrangentes é um primeiro passo crucial para enfrentar esses desafios e manter o progresso em direção a um mundo mais igualitário.

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Para saber mais sobre o Índice de Pobreza Multidimensional de 2023, visite: hdro.undp.org e ophi.org.uk

Para consultas de imprensa, entre em contato com:

Victor Garrido Delgado, Especialista em Comunicações do PNUD | Celular: +1 9179951687 | E-mail: victor.garrido.delgado@undp.org

Maya Evans | Gerente de Comunicações, Iniciativa de Pobreza e Desenvolvimento Humano de Oxford | E-mail: maya.evans@qeh.ox.ac.uk | Skype: maya.evans3