Ampliar a arborização de vias, fornecer triciclos elétricos para catadores de materiais recicláveis e promover a urbanização popular foram algumas das conquistas de projetos premiados pelo Desafio de Inovação, realizado no fim de novembro no Recife (PE).

O Desafio faz parte da iniciativa “G52: Rede de Cidades-Polo do Nordeste”, realizada pela Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em parceria com o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) e o PNUD.

As três propostas vencedoras foram, em primeiro lugar, a Prefeitura de Natal (RN), com “Cidades para as Pessoas”; em segundo, a Prefeitura de Fortaleza (CE), com “Re-Ciclo”; e em terceiro, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MA), com o projeto “Casa Encantada”.

A Rede G52 impulsiona a implementação do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), por meio do fortalecimento de capacidades técnicas e institucionais de 52 cidades-polo da região atendida pela Sudene e de suas respectivas regiões intermediárias.

O encontro no Recife mobilizou prefeituras e instituições apoiadoras para trocar experiências e implementar projetos propostos com a assinatura de uma Carta Compromisso. No documento, as prefeituras se comprometeram a ter como horizonte o cumprimento da Nova Agenda Urbana e da Agenda 2030.

“A Agenda 2030 dá dicas de qual pode ser o caminho para o desenvolvimento inclusivo e sustentável das cidades. Nesse sentido, a inovação é necessária para encontrar alternativas para termos cidades para as pessoas, que respeitem o meio ambiente e os direitos humanos”, disse a assessora de Desenvolvimento Territorial e Cooperação Descentralizada do PNUD, Ieva Lazareviciute.

“A Sudene tem como missão reduzir os desníveis sociais do Nordeste, em um momento em que a região se destaca para o mundo como um dos grandes produtores de alimentos e de energia. Por isso, temos investido em inovação”, disse o superintendente da Sudene, general Carlos César Araújo Lima, durante a premiação.

O Desafio marca a terceira etapa do ciclo de capacitações que busca aprimorar a construção de políticas de desenvolvimento urbano sustentável nos 52 municípios da Rede G52, explicou a oficial nacional para o Brasil do ONU-Habitat, Rayne Ferretti.

As cidades participantes da competição identificaram soluções para problemas de desenvolvimento por meio de experimentação (protótipos, pilotos, modelos iterativos de soluções etc.), a fim de projetar ações replicáveis e escaláveis na região.

Projetos vencedores

O primeiro lugar do Desafio de Inovação ficou com a Prefeitura de Natal (RN), cujo projeto “Cidade para pessoas: arborização nas ações pelo clima” cria alamedas verdes nas vias com mais passagem de pedestres e localizadas nas chamadas “ilhas de calor”, as áreas de temperaturas mais elevadas da cidade.

Em dois anos, a Prefeitura de Natal plantou 15 mil árvores nessas vias, e outras 30 mil estão em fase de cultivo. No total, a expectativa é de que em torno de 40 mil árvores sejam plantadas na capital do Rio Grande do Norte nos próximos dois anos.

“Isso é demonstrativo da prioridade que damos à preservação do meio ambiente e à transformação da cidade, que passa a ser mais agradável, oxigenada”, disse o prefeito de Natal durante a premiação.

“Vamos dar continuidade a esse amplo programa de arborização visando melhorar a qualidade de vida dos habitantes. Viemos aqui dar nosso depoimento e procurar incentivar os prefeitos a seguir esse exemplo.”

O segundo lugar ficou com a Prefeitura de Fortaleza (CE) pelo projeto “Re-Ciclo”, que troca carroças de catadores de materiais recicláveis por triciclos elétricos. A mudança melhora a produtividade, a renda e a autoestima dos trabalhadores, gerando visibilidade, segurança e elevando sua capacidade de transportar cargas e ir mais longe com menos esforço.

Criada há dois anos, a iniciativa já engajou 13 das 14 associações de catadores existentes em Fortaleza, sendo 85% delas lideradas por mulheres. A Prefeitura de Fortaleza também está remunerando o trabalho dos catadores e catadoras com um salário-mínimo.

“Hoje, o projeto envolve duas políticas-chave: mobilidade – temos uma crescente rede de ciclovias e ciclofaixas, mais de 400 km –, aliada à política de gestão de resíduos sólidos e de inclusão social dos catadores”, explicou a gestora de projeto do Laboratório de Inovação de Fortaleza, Nirlania Leite.

Já o terceiro lugar ficou com o projeto de urbanismo e arquitetura popular “Casa Encantada”, um sistema de reaproveitamento de resíduos sólidos da construção civil, voltado para a reforma de moradias inadequadas e precárias em zonas periféricas de São Luís (MA).

Realizado pela sede no Maranhão do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) em parceria com a Prefeitura de São Luís e outras organizações, o projeto atua em Coroadinho, uma das maiores favelas do Nordeste.

A iniciativa fornece assistência técnica gratuita, prestada por profissionais habilitados, para elaborar e executar obras necessárias para edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária de suas moradias.

“O Casa Encantada é um projeto em que a gente junta pessoas que trabalham com assistência técnica e faz parcerias com as instituições nas comunidades para que exista um escritório de arquitetura dentro de cada comunidade”, explicou a presidente do IAB-MA e responsável pelo projeto, Carla Veras.

As cidades e equipes participantes do Desafio de Inovação foram beneficiadas com mentoria técnica e capacitações ao longo do último ano para a preparação das propostas. As soluções vencedoras terão seus projetos difundidos na mídia.